Em Casa, Pelo Mundo

Quando marquei minha primeira viagem para a África do Sul em 2011, não fazia a menor idéia de que retornaria ao país. Menos ainda com tanta frequência... 
 

Pra ser sincera, meu único interesse no país era participar do Cape Epic. Uma vez missão cumprida, país riscado do meu "baldinho de desejos" e bora visitar o próximo da lista.

 
Mas não foi bem assim que aconteceu. Participar do Cape Epic foi de uma intensidade que eu não previa. Ganhei uma grande amizade (minha parceira de prova, Melanie) e comecei a conhecer o chegado com quem espero passar a eternidade.

 

Voltei a trabalho, depois para passar o Natal, depois para casamento de amigos e dessa última vez, para estar ao lado do Christoph quando ele cruzasse a linha de chegada do Cape Epic pela última vez como atleta profissional.

Mas ao invés de dormir no acampamento do Cape Epic como quando fiz a prova, fui recebida por amigos do Christoph ao longo do caminho. Passei 6 noites com 3 famílias diferentes; tão diferentes e tão fantásticas. Sem fazer perguntas e sem me conhecer, me trouxeram para dentro de casa no melhor estilo sul-africano - que adivinhe? Me lembrou a hospitalidade brasileira.


Meu esquema era pedalar trechos ou o percurso todo do Cape Epic, dependendo da vontade e do plano de cada dia. Pedalar trechos me permitia fazer torcida pro Christoph e sua dupla Jaroslav e outros amigos, e fazer a etapa toda me permitia lembrar da Melanie, dos sufocos e da folia de 2011 e em cada área de apoio, dos deliciosos bolinhos de banana que eram nossa motivação quilômetro após quilômetro.



 
Em Oak Valley, fui recebida por Chad, Anke, Liv e Tainn. Wow... Que vontade de ser como eles quando eu crescer. Chad é fisioterapeuta e corredor. Anke é professora de yoga e faz corridas de cavalo de longa distância (na foto acima) e as crianças (fotos abaixo) são apaixonantes e me receberam com o maior carinho do mundo.
 


 


A rotina diária era acordar muito cedo, tomar um café forte na tenda do patrocinador, assistir a largada, pedalar, comer bolinhos de banana, curtir a paisagem, e pneus furados e sprints na linha de chegada permitindo, festejar a vitória com o time.




A segunda família foram os Hugos. Dan, que foi triatleta pela Specialized vários anos, hoje trabalha para a equipe. Em Worcester, fui recebida na fazenda da família, onde eles produzem figos que são exportados para a Ásia. As duas irmãs do Dan moraram 6 meses no Brasil, 3 meses no Amapá, 3 no Rio Grande do Sul. E assim uma delas fez a oração antes do jantar em português :-)


Eu que tenho memória curta e fui achando que era passeio, assim que resolvi fazer uma etapa inteira do Cape Epic, voltei com bolha nas mãos. Vindo do inverno na Suíça e desacostumada a domar a bike no terreno duro e pedregoso da África que parece tanto com o nosso cerrado, entendi logo que não precisa ter número pregado nas costas pra sofrer a dureza da prova.



Uma semana no Cape Epic passou voando e pudemos comemorar a vitória da minha dupla preferida. A semana seguinte teve aula de técnica pras meninas, pedal com almoço nas vinícolas e café ou sorvete com os amigos em Stellenbosch.







Voltei pra Suíça curtindo a sensação de que dá pra gente se sentir em casa em vários lugares do mundo. Basta encontrar as pessoas certas.

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