Conto de Uma Noite de Verão





Schatzi e eu acabamos de nos mudar pra roça. A roça fica no pé da montanha. Atrás da montanha fica o lago. E atrás do lago, fica o resto do mundo.

 

Da roça a gente vê a montanha, mas não vê nem o lago nem o resto do mundo. No que foi oficialmente o último dia de verão, resolvemos subir até o alto da montanha para ver o que tinha mais adiante. Subimos cada um por um lado, eu à pé e ele de bicicleta. Tínhamos sacos de dormir, lona pra forrar o chão, liquinho, umas poucas coisas pro jantar e café da manhã do dia seguinte, e claro, uma garrafa de vinho.

 

Nos encontramos na entrada da trilha e continuamos subindo e subindo mais. Chegamos ao topo a tempo de testemunhar os últimos raios de sol se exibindo pra noite na cabeceira do lago.

 



O plano era dormir ao relento, sem barraca. Jantamos e dormimos sob um céu de Van Gogh.

 

Acordamos algumas vezes durante a noite meio que pelo puro prazer de abrir os olhos e ver estrelas.

 

O despertar do dia seguinte foi inesquecível. Ao invés de estrelas, éramos vigiados por centenas de fussinhos curiosos, desacostumados a encontrar bípedes por aquelas bandas. Dividimos o resto do jantar e um pouco do café da manhã com as ovelhinhas e seguimos o caminho da roça confirmando o clichê: A (nossa) felicidade não é dourada nem cheira a dinheiro. Ela vive no alto de uma montanha e muitas vezes tem cheiro de... adubo natural :-)