Arivederci Bro

Como já contei, meu irmão pequeno veio passar uma temporada na Itália. Foram 5 meses, mas como tudo que é bom, passou rápido. E pra gente se despedir, peguei o expresso-pizza e surgi em Torino num fim de semana que terminou em praia.


Em busca de sol, descemos até Portofino, na costa norte da bota. Entramos à pé na única rua do vilarejo e deixamos os sentidos se dilatarem com aquele mini pedaço de paraíso. Sentamos no ancoradouro com os pés dentro d'água. O Mediterrâneo azul ninava os barquinhos de madeira. Pai e filho manobravam barcos na nossa frente. O garoto não tinha mais que 10 anos, mas se portava como o capitão do Titanic. O pai queimado de sol dava ordens num italiano meio truculento, mas acompanhava o moleque com olhos cheios de orgulho. Nos movemos com a pressa de um caracol para a mesa do restaurante, ainda no ancoradouro. Pedimos vinho branco e uma salada caprese pra começar e em seguida veio o prato principal. Tão lindo que mais parecia um arranjo esperando para ser pintado em canvas.





Deu saudade e ligamos pra casa. Mamãe atendeu contente por estarmos os dois juntos. Você sabe como é; pais de filhos desgarrados, sempre acham que estamos sofrendo de solidão. Não é o caso porque somos crianças do mundo, mas nos deixamos consolar porque carinho nunca é demais.




A encosta verde a beira mar foi o nosso digestivo. Subimos a escadaria entre as árvores que levava a um jardim. Enquanto caminhavamos, falávamos de dúvidas, certezas e de como somos abançoados por ter uma família que sempre nos encorajou a buscar nosso próprio caminho. Não fosse isso, dificilmente estaríamos ali, juntos, sem dever nada a ninguém.




Mas como de criancinhas comportadas não temos nada, a noite foi (muito) menos poética que o dia. Soltos em Santa Margherita Ligure (a cidade vizinha a Portofino) e onde a badalação acontece, a garrafa de vinho do jantar sofreu o milagre da mutiplicação. Primeiro em alguns Spritz (aquele meu drink laranja), depois em mojitos, e depois eu perdi a conta...



Ouvi do Dude: "Irmã, hoje a gente vai beber até dar dó!" Não me lembro o que respondi, mas pelo meu estado no fim da noite (ou no início da manhã) te garanto que concordei. Como diz uma amiga, "Adoro te ver participar de atividades mundanas".

Na manhã seguinte, literalmente sprintamos pra pegar o café da manhã do hotel. Descemos as escadas correndo porque o elevador não chegava, e atravessamos o saguão como se o tsunami estivesse nos perseguindo. Te poupo dos comentários sobre a cara de ressaca.



Lugar melhor pra curar os males da noitada do que a praia, não há. O chão de pedrinhas (e não de areia) bate e o barulho do mar sopra, pra você não esquecer que fez coisa errada.





Um panini e dois gelatos depois, estávamos prontos pra voltar pra Torino. De lá, o expresso-fondue me trouxe de volta pra casa.

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