Blush e as Horinhas na Tailândia

Planejar e organizar faz parte do meu dia-a-dia no trabalho e em casa. Mas quando o tema é viagem, prefiro não preparar. Gosto mesmo é de ter uma vaga noção do lugar e deixar os dias irem se organizando sozinhos. Normalmente o que acontece é que os dias não se organizam e você experimenta o melhor do lugar no caos dos imprevistos, no êxtase das surpresas. A boa e velha aventura - você sabe como é.



É por isso que quando a Lilica me ligou um mês antes dizendo: "Deia, temos que ir pra Tailândia" eu respondi primeiro: "Tá doida?" e depois "Ok, quando?" :)





E nisso eu chamei a Mélanie pra ir junto. E a Renata que ia antes pra Índia, não custava nada dar uma esticadinha. E a Barbara, que ia com ela, acabou vindo de brinde! 5 na Tailândia, por completo acaso.



Mélanie e eu saímos juntas de Genebra, e na escala em Moscou ela recebe um telefonema dizendo que a vaga no emprego novo era dela. Shot de vodka na fila do embarque pra comemorar!



Desembarcamos em Bangcoc no dia seguinte e pulamos num taxi rosa porque é assim que se faz. O hotel tem piscina panorâmica? Incluída nesse pouquinho que estamos pagando? Vamos então dar um mergulho inaugural antes de sermos possuídas pela louquissima Bangcoc.



















As meinas foram chegando nas próximas horas e dias, e seguimos pulando amarelinha de ilha em ilha. A primeira parada foi Railley Beach, uma pontinha preciosa perto the Krabi, no sudoeste da Tailândia. Depois de examinarmos o suco de manga gelado, a salada de papaia verde, a temperatura da areia com a barriga branca e o balanço do mar com bikinis que não viam mar fazia tempo, estavámos prontas para entrar em ação.












Descobrimos sem muito esforço que havia uma laguna escondida no meio de uma rocha. Para chegar lá era preciso subir pela mata e descer no meio da rocha desescalando pedras e raízes. Para sair de lá, era preciso fazer o caminho contrário. Poucas pessoas chegavam até o fundo da rocha e era perigoso. Ouvimos tudo com muita atenção e olhos brilhantes. Fomos, nadamos na tal laguna, voltamos - e imundas de lama, demos o ar da graça na praia deixando os demais turistas com vergonha alheia.














No dia seguinte pegamos o barco para Ko Phi Phi. Se você, como eu, adorou o nome, espere que tem mais: Ko Phi Phi Don é onde tem pousadas, restaurantes e muitas praias. Ko Phi Phi Leh é onde tem uma praia... A Praia... A do Leonardo Dicaprio. Sim, aquela...

 

Do momento em que você desembarca na ilha, já pensa que está num filme. Pessoas bronzeadas e tatuadas falando linguas estranhas andando de Havaianas pra cima e pra baixo. Os tailandeses magrinhos e baixinhos com seus sorrisos enormes te oferecendo massagem. E a agua azul turqueza que contrasta com os rochedos verticais cobertos de floresta escura por toda parte. Como o nosso filme é de aventura, nos livramos da bagagem e fomos dar a volta na ilha de caiaque.





Na primeira praia onde paramos, tivemos a sacola revistada por macacos. Na segunda, os macacos mostraram menos interesse em nossa presença e simplesmente fizeram uso da minha canga para contemplar o mar. Fizemos o mesmo. Não tever terceira praia, porque a mare estava virando e era hora de voltar.








Os jantares na Tailândia são sempre um ritual. Pra quem gosta, a orgia alimentar vai de currys a bandejas de frutos do mar, tudo lindo e colorido como meu paladar adora. Em Ko Phi Phi, adquirimos oa habito de tomar um banho depois da praia, tomar um drink no telhado do bar da esquina e passar por uma massagem antes do jantar. Um hábito bem razoável, na minha opinião.







Acordar cedo não fazia parte da rotina, com exceção do dia em que fomos a Maya Bay, a praia do Dicaprio. Sabiamos que para ter a visão do paraíso, precisavamos chegar antes dos outros colegas.














Ko Phi Phi Leh... Saímos de taxi-boat às 7 am de Phi Phi Don, e logo foi possivel avistar Phi Phi Leh entrando em foco. Brincávamos, posávamos para fotos até que aquilo me abateu. Só fui entender depois, que naquele momento entrei em estado catatônico. A alegria de estar do outro lado do mundo com minhas amigas, o balanço do nosso barquinho naquela imensidão turqueza, a beleza do rochedo despencando vertical no mar, o corte dramático das pedras e a exuberancia da mata lá em cima... Tudo isso misturado e em ebulição dentro de mim fez com que meu sistema travasse. Tentei CTRL+ALT+DEL mas nada acontecia. As lágrimas desciam por trás dos óculos escuros e eu não conseguia dizer nada, nem me mexer. Travei de emoção. Agradeço à Tailândia pela intensidade daquele momento.






Assim que voltei a funcionar, devo ter dito alguma besteira. Só pra descontrair. E pulamos no mar, e tiramos selfies e deitamos na areia para dormir um pouco. Quando acordamos percebemos que era hora de ir embora, já que a praia estava coberta de gente como a gente, mas que tinha acordado um pouco mais tarde.

A beleza da Tailândia tem também algo de mórbido e você sabe por que. As praias com cara de paraíso viram o inferno muito de perto quando o Tsunami devastou tudo ali. Você caminha descalso pela praia e é resgatado do devaneio cada vez que se depara com a essa plaquinha ai...


Rota para evacuação em caso de Tsunami


Melhor tentar não pensar que isso pode acontecer de novo. Apenas ter um respeito profundo pelas pessoas que se foram vítimas do horror e pelas que ficaram e reconstruíram o país.

Continuando nossa "amarelinha", escolhemos no uni-duni-tê a próxima ilha: Ko Yao. Não sabíamos absolutamente nada sobre a ilha e era esse o maior atrativo: descobrir! Infelizmente chegamos lá debaixo de chuva e fomos recebidas no cais por um taxi tipo 4X4. O motorista falava apenas a língua local, e nós apenas não. Esperamos mais um pouco e um casal de escaladores francês subiu a bordo. Passaram-se mais alguns minutos e dois escoceses subiram também. O motorista veio com uma lista de hoteis e vimos os franceses apontarem para um. Os escoceses fizeram o mesmo. Como não tínhamos hotel pra apontar, pegamos a lista e seguimos junto para espiar o hotel dos outros. Tudo muito bicho grilo e à essa altura nós, mocinhas graciosas apesar de aventureiras, decidimos por um pouco de luxo para um dia de chuva. Apontamos para o nome que dizia "Resort".








Ótima pedida. Fomos recebidas por moças de sarongue, negociamos o preço e fomos levadas ao nosso bangalô à beira mar. Almoçamos, cochilamos, equilibramos no slackline, nadamos, jantamos, falamos, falamos, falamos até pegar no sono.

O dia seguinte era o de voltar pro continente e começar a jornada de volta. Passamos uma noite em Krabi e experimentamos basicamente TUDO no mercado local. E no maior mico que Krabi já viu, subimos no palco e cantamos no karaokê. Você sabe como é - a chance de encontrar alguém conhecido e ficar sem graça no sul da Asia é próxima de -0.2%.









Voltamos então pra Bangcoc e dedicamos o último dia às compras. Tudo baratissimo e coloridissimo como a gente gosta.




E o que todo mundo queria evitar era o clima de despedida da última noite... A Alice voltaria pra Campinas, a Renata e a Barbara pra BH, eu e Melanie pra Suíça e logo ela se mudaria pra Berna. Minhas amigas queridas espalhadas pelo mundo. E foi aí que eu percebi o quanto é raro e precioso manter amizades tão vivas e vibrantes apesar da distância, do tempo e do que a gente está vivendo bem agora, nesse exato momento.




Obrigada Tailândia por ter reunido pessoas tão queridas. Ah, e por ter proporcionado corridas alucinantes de tuk-tuk :)


* O título "Blush e as Horinhas" é uma homenagem à Marina, que não pode vir com a gente, mas foi muito bem representatda pela Barbara que também é Monduzzi. Um dia desses eu conto a história...

Comentários

  1. Que super aventura, hein... lugar lindo, belas imagens, maior astral... de mais!!! Bjs

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