Road Trip Paris

Quando eu era criança pequela lá em Belo Horizonte, inventei uma "brincadeira" chamada Hora do Blush. Pra participar você precisava ser mulher e gostar de andar de bicicleta. O objetivo da brincadeira era fazer com que mais mulheres, meninas, senhoras (e homens, meninos e senhores eventualmente) conhececem, experimentassem e também se apaixonassem pela bicicleta. Para ganhar, bastava participar da brincadeira.


Começamos a brincar via coluna na revista Bike Action, viramos www, expandimos para eventos, ganhamos irmãozinho unisex chamado Le Vélo, programa de rário, até que a vida me trouxe pra Suíça. O que era um plano temporário acabou se extendendo e aqui estou eu anos depois levando a brincadeira mais a sério com contrato assinado e horário fixo. Mas isso não significa que parei de brincar. Pelo contrário; o sonho simplesmente tomou uma proporção maior.


Criamos a Semana do Ciclismo Feminino (#Women'sCyclingWeek) e uma das muitas iniciativas que rolaram mundo afora foi a #RoadTripParis. 40 mulheres de 13 países, se uniram na Holanda (em Utrecht, sede do Grand Départ do Tour de France 2015) para pedalar até Paris, para vibrar ao vivo com a primeira edição da La Course, a prova feminina do Tour.



Nos encontramos numa quarta-feira de manhã e as apresentações e trocas de histórias pessoais foram feitas ao longo dos 140km que percorremos até a fronteira da Holanda com a Bélgica. A língua comum era inglês, mas pude também falar português com uma alemã que mora em Oman e estudou 6 anos em Salvador. E ela não era a única. Por 4 dias e 600km, não parei de me maravilhar com as histórias de vida das mulheres que fizeram parte dessa brincadeira ousada e internacional.





 

No dia seguinte seguimos até Gent, na Bélgica. Um dos dias mais quentes e longos na bike, percorrendo 160km. Para que a experiência fosse gostosa pra todo mundo, dividimos o grupo em 3, com velocidades médias pré-estabelecidas. À noite, depois do jantar, nos reunimos no jardim do hotel para relembrar (com muito humor), as histórias, desvios e pneus furados do dia.






A próxima parada foi Peronne, uma cidade no noroeste da França. Em 150km, não perdemos a energia para cantar em pelotão e armar ataque ao outro grupo de meninas que alcançamos pelo caminho.









O último dia nos levou ao coração de Paris, mas não sem erradas de caminho e muitos pneus furados nas ruas movimentadas dos suburbios da capital. Quando os 3 grupos finalmente se reuniram e 40 mulheres subiram juntas a Champs Elyseés em direção ao Arco do Triumfo, o clima era de conquista da camisa amarela.










Nossa jornada terminou com champgne sob a Torre Eiffel e virou bagunça generalizada na noite de Paris!





Vive La France e a alegria de ser mulher num mundo onde pedalar é desculpa para encontros tão especias.

Comentários

Postagens mais visitadas