Meu Ventoux
O plano era
sedutor : « Feriadão vem aí, vou pegar minha bike de estrada e descer
pro sudeste da França – Provence. Encontrar uma pousada simpática onde eu possa
ler no jardim quando voltar do pedal. Experimentar o vinho local. Quero parar para
almoçar sem pressa em vilarejos medievais no meio do pedal e tirar muitas
fotos. »
Do plano inicial só sobraram o pedal, o vinho e as fotos. Terminei por alugar uma casa para 11 e nem abri meu livro…
O boca-a-boca foi forte. Assim que divulguei o programa aos amigos próximos, houve adesão imediata e minha viagem solo, por definição, deixou de ser solo. A medida que os amigos dos amigos foram aglutinando, abandonamos a idéia de pousada e começamos a procurar uma casa. Ideal era ficar num local central da Provence de onde pudessemos sair pedalando para roteiros diferentes todos os dias. E que um desses dias incluísse a subida ao Mont Ventoux!
Chegamos tarde depois de 5 horad de viagem e os outros já estavam dormindo. O café da manhã no dia seguinte
foi uma delícia. Mesa no jardim, baguete quentinha, queijos e iogurtes locais,
geléias e bircher-muesli, a gororoba feita de cereais, água quente, maçã ralada
e iogorte; receita da Josephine e segredo das suas pernas possantes!
A volta para Gordes foi um desafio para as pernas que aos poucos começam a sair do período de hibernação. Já com 89km, pegamos uma subida de 15km e chegamos ao centro do vilarejo inspirados para o jantar. Ali na praça central, reservamos mesa para 11 num pequeno bistrô e voltamos uma hora e meia depois de banho tomado e apetite de urso. O menu de três pratos incluía aspargos, que são a verdura da estação, peixe ou carne vermelha e uma variedade perturbadora de sobremesas. Desnecessário dizer que o tema principal do jantar foi a temina subida do dia seguinte.
Mas foi principalmente especial poder celebrar a chegada ao topo com um bando sorridente de amigos... E foi aí que percebi o tanto que o plano B saiu mais legal que o plano original!
Do plano inicial só sobraram o pedal, o vinho e as fotos. Terminei por alugar uma casa para 11 e nem abri meu livro…
O boca-a-boca foi forte. Assim que divulguei o programa aos amigos próximos, houve adesão imediata e minha viagem solo, por definição, deixou de ser solo. A medida que os amigos dos amigos foram aglutinando, abandonamos a idéia de pousada e começamos a procurar uma casa. Ideal era ficar num local central da Provence de onde pudessemos sair pedalando para roteiros diferentes todos os dias. E que um desses dias incluísse a subida ao Mont Ventoux!
A escolhida
foi Gordes, uma cidadela deslumbrante, no alto de uma colina, toda em tons ocre
e cheia de história para contar. Encontramos uma casa no pé da colina e
fechamos negócio. Os membros da equipe chegariam de partes diferentes do
planeta: Raquel e Gabriel, brasileiros, viriam da Alemanha. Richard dos Estados
Unidos. Carla, do Brasil. Jane, que é neozelandeza e seu marido Philippe, que é
local, sairiam da Suíça. E o Blush-móvel, muvucado, viria da Suíça trazendo:
Josephine da Alemanha, Fabien e Vincent da Suíça, Matthew do Canadá e eu.
A viagem
começa
Atravessar
a fronteira entre Genebra e Annemasse na França foi um desafio. Não só pela
massa compácta de veículos na véspera do feriadão, mas porque o carro carregado
de bikes no teto e na traseira era alto demais para a fila do pedágio que
escolhemos. Tumultuamos, pioramos o estado do engarrafamento, tomamos xingo do guarda francês e seguramos o
riso até ele nos dar as costas.
O pedal do
primeiro dia era um “esquenta” para o Mont Ventoux. 104km de sobe e desce,
incluindo as pedras vermelhas de Roussilion e o cânion de Sault. Parecia
sonho... O ritmo era homogênio mesmo com
um grupo daquele tamanho, passando por estradinhas bucólicas, castelos e
vilarejos provençais.
A volta para Gordes foi um desafio para as pernas que aos poucos começam a sair do período de hibernação. Já com 89km, pegamos uma subida de 15km e chegamos ao centro do vilarejo inspirados para o jantar. Ali na praça central, reservamos mesa para 11 num pequeno bistrô e voltamos uma hora e meia depois de banho tomado e apetite de urso. O menu de três pratos incluía aspargos, que são a verdura da estação, peixe ou carne vermelha e uma variedade perturbadora de sobremesas. Desnecessário dizer que o tema principal do jantar foi a temina subida do dia seguinte.
E na
sequência, do café da manhã também. A medida que caras sonolentas e seus
breteles de alças penduradas sob casacos de moleton começavam a sentar-se à
mesa, as estatísticas iam fazendo sentido e causando frio na barriga. 22km de
subida a partir de Bedouin, a cidade base, com 1.600 metros de desnível. Uma
das montanhas mais temidas do Tour de France – e do ciclismo mundial. Um total
de 96km com 2.500 metros de desnível. Vento, muito vento. E se já ventava aqui
em baixo, imagine no topo. Uma diferença de 10 graus em temperatura entre a
base e o topo. As vezes 15. E quantos graus fazia lá fora? 10? 12? Mas nem por
isso deixamos de curtir um café demorado e fazer apostas de quem seria o/a
primeiro/a no topo. Não deixamos de fazer piada do Matthew, com seu uniforme do
Canadá todo combinandinho, da Raquel que ia sofrer com sua relação 11-25 e do
Gabriel que mal dormiu à noite preocupado em tobar binóculo da Josephine.
Terminamos
as bagetes, o bircher e o café. Não tinha mais assunto nem desculpa. Sapatilha,
capacete, manguito, pernito, corta-vento, partiu. A primeira parte do percurso
era plana. Nos revezamos na frente para tapear of vento. Chegamos a Bedouin e
não tinha como despistar que ali começava a subida: Ciclistas por toda parte,
aluguel e venda de bikes, souvenirs do Mont Ventoux. Strava ligado, e lá vamos
nós.
Morando na
Suíça e tendo que atravessar Alpes para ir a qualquer parte, eu imaginei que o
Ventoux seria mais uma montanha. Erro grave. Não era. A subida era muito mais
íngreme do que eu tinha previsto e os últimos 3km muito mais penosos, por causa
do e das quase duas horas de subida nas pernas. Mas como o sofrimento faz a
conquista mais doce, chegar ao topo foi espetacular. Parte do grupo já estava
lá em cima e cada um que chegava ganhava torcida digna de chegada do Tour de France! Foi uma
delícia deitar no chão protegida do vento e curtir um solzinho no rosto antes
da descida.
Mas foi principalmente especial poder celebrar a chegada ao topo com um bando sorridente de amigos... E foi aí que percebi o tanto que o plano B saiu mais legal que o plano original!
Andrea, realmente deve ter sido incrível este pedal... parabéns!!! Bjs
ResponderExcluirSua linda! :) O Mont Ventoux é seu! :)
ResponderExcluirAndrea essa foto do Mont Ventoux é epica!
ResponderExcluirParabens um dia irei lá!