Imagine All the People...

Peraí que eu preciso organizar as idéias antes de escrever esse post.

Veja essa lista:
- O ataque medonho na Noruega
- Os textos melancólicos e resmungões do Arnaldo Jabor e outros intelectuais que foram militantes na década de 60 (pelo comunismo e depois pela democracia)
- As mudanças climáticas

O que esses 3 temas têm em comum? Aparentemente, nada. Mas eu vou te provar que, se tirassem uma fotografia da nossa geração para mostrar no futuro, eles estariam todos misturados, formando uma só paisagem. Vem comigo!

Gosto muito de ler as colunas do http://www.estadao.com.br/. Fico toda contente quando acho uma do Luis Fernando Veríssimo, mas tenho achado ele meio desanimado ultimamente. Gosto muito do Jabor também, mas ele andava me irritando um pouco, falando mal da minha geração, e vangloriando a dele (grande porcaria esses comunistas de butique que hoje moram todos em NY, e ficam da mesa do Balthazar tomando champagne e criticando o Brasil). É como se eu, de dentro do trem bala entre Lausanne e Paris, começasse a criticar as rodovias brasileiras. Mas de tanto ler a mesma coisa, passei a dar certa importância ao que ele estava dizendo. E finalmente entender onde ele queria chegar.

E aí veio o incidente na Noruega pra provar que ele estava certo.

A geração que era jovem nos anos 60 - os que não fumaram maconha demais, pelo menos - hoje por volta dos seus 60 anos e muito lúcida, questiona a falta de crença e engajamento da nossa geração. Pare pra pensar um minuto. Qual é a nossa causa? Estamos no mundo lutando pelo quê? A gente se reúne depois da faculdade, depois do trabalho, pra discutir o quê?

Nada. Somos uma juventude sem causa. Nos rebelamos contra nossos pais, contra o chefe, contra a lavanderia que manchou a sua blusa, mas não nos rebelamos contra a corrupção, contra à má qualidade da educação no Brasil, contra às más condições de trabalho. Não nos rebelamos enfim, contra o rumo que estamos dando ao mundo, cada vez mais soterrado no nosso lixo e na fumaça emitida pelos nossos carros.

A gente só olha pro próprio umbigo. Só queremos saber se estamos na moda, se o bumbum está no lugar, se aquela promoção no trabalho sai ou não sai, se bem me quer ou mal me quer. Repare nas letras das músicas de hoje. Elas falam de amor, de sexo, de consumo. Temas totalmente individualistas. Pense nos filmes. Mesma coisa. Não existem mais músicas como "Imagine" ou "Revolution", dos Beatles.

E aí, esse mundo vazio de causa ou propósito, dá lugar a psicopatas como tantos que já vimos nos EUA, no Brasil mesmo e agora até na Noruega, manifestarem suas neuroses de uma maneira tão violenta. Pelos motivos errados e da forma errada, eles encontram espaço onde nós deveriamos estar agindo, para expor suas idéias. E acabam se tornando figuras históricas (vide Hittler), o que é pior ainda.

Mas e aí? Vamos simplesmente inventar uma causa, só pra ter uma? Não. Já temos uma causa. Só não a abraçamos ainda.

O mundo do jeito que a gente o vive hoje, não está caminhando, mas sim galopando, para um colapso. A nossa sociedade consome hoje, dois planetas e meio, em termos de recursos naturais e dejetos não reaproveitados. E isso não é a Suécia ou os EUA. Sou eu. E você, na sua casa, no seu trajeto pro trabalho, na sua escolha na hora de comprar um carro ou ir ao supermercado.

É a preguiça de ir a pé, é o preconceito de andar de ônibus, é a sacola de pástico e o banho demorado. É o computador ligado a noite inteira baixando filmes e o celular que você troca todo ano.

É a nossa causa e a nossa chance de ser uma geração relevante escorrendo pelo bueiro, enquato você escova os dentes. É o nosso medo de dar aquele passinho pra fora da bolha e conversar sobre coisas que podem acabar nos classificando como eco-chatos. E ao invés, seguimos cool e alienados.

Encontrei esse site e gostei. http://www.ativismo.org.br/. e tem esse outro http://ecomeninas.blogspot.com/, da minha Eco-menina favorita. Quem sabe você não dá uma olhadinha e me diz o que acha? Pode ser um começo...