Tel Aviv

Foi lá que desembarcamos, cada uma de um vôo diferente, cada uma com seu mala-bike. Nos encontramos num apartamento alugado na Avenida Ben Yehuda, em cima de uma loja de vestidos de noiva. Garota esperta, Grazi alugou esse apartamento pela localização: dois quarteirões da praia e cercado de bares e restaurantes descolados.

Agora deixe-me falar sobre lugares descolados em Israel: Eles existem aos montes, mas você os reconhece pelas pessoas que estão ali. São as pessoas, e não os letreiros iluminados, a arquitetura moderna ou a decoração - isso, em Israel não existe - que definem os lugares. E demoramos 10 dias de pesquisa socio-antropológica, também conhecida como conversa de bar, para descobrir por que.

Começamos nossa exploração em bicicletinhas verdes do sistema de "bike share" da cidade. Todo mundo usa, principalmente na avenina beira-mar que margeia a cidade. Pedalamos até Old Jafa, o centro histórico e marina. Como boas turistas, escolhemos o restaurante mais lotado. O ambiente era festivo, as mesas grandes e a comida farta. De fato, assim que nos sentamos, apareceram dois garçons, com duas bandejas enormes, lotadas de saladinhas, couscous, humus, pão árabe, limonada com folhas de hortelã... A medida que íamos comendo eles iam chegando com mais e tivemos que insistir para pararem!

De lá, sorvete. Do sorvete, vinho rosê num bar a céu aberto no meio das árvores numa antiga estação de trem. Tudo de bicicleta. Voltamos pro apartamento por volta de meia-noite. Fazia calor.

Tinhamos a manha seguinte para explorar mais a cidade e na hora do almoço nossa carona viria nos buscar para subirmos para o acampamento do Israel Epic. Num quiosque perto da praia, descobrimos suco de tudo feito na hora e açai decorado com frutas. Sentamos em uma das mesinhas da praça e acompanhamos o vai-e-vem de um povo surpreendentemente tranquilo, sorridente e descolado. A imagem estereotipada que eu tinha de Israel, nao se parece em nada com o que se vê nas ruas de Tel Aviv.

Por volta das duas da tarde nossa carona chegou: numa pick up Subaru caindo aos pedaços e cheio de alegria, nosso amigo Dror acomodou as quatro bikes. No carro de seu amigo Doron, tambem caindo aos pedaços e cheio de cortesia, subiram as malas e as meninas. Seguimos rumo ao Kibutz onde o acampamento da prova nos aguardava.

As estradas de Israel sao novas, bem sinalizadas e limpas. Os carros, caindo aos pedaços. Esse é um fenômeno cultural israelense. Eles sao um povo que dá pouco ou nenhum valor à aparência de seus carros e suas casas. As fachadas dos prédios, lojas e restaurantes é mal conservada e nada atraente. Isso porque o país vive em guerra, e nao há porque consertar, muito menos ostentar, algo que a qualquer momento pode virar ruina novamente...

A beleza dos lugares está dentro. Assim como a das pessoas. Nunca, em nenhum lugar do mundo, fui tao acolhida e protegida como em Israel. Cada pessoa com quem tivemos contato parecia se sentir responsável pelo nosso bem estar. Nunca tinha experimentado isso. No início, a reação é de dizer que nao precisa, que está tudo bem. Mas de repente você entende que é assim que tem que ser e se deixa levar e ser cuidado. E a experiência se torna ainda melhor.

Voltamos a Tel Aviv depois de um tour pelo norte e pelo deserto. E participamos de uma balada hip-hop no subsolo de um prédio inesquecível. 

Encontrei esse post nao publicado de 2015 em 2020. Nao sei onde estão as fotos. Mas desde então, Israel - independente de visão política ou religiosa, mora no meu coração.

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