Blush na Suécia

É quase igual Blush na Suíça, só que não.
 
Peguei um vôo em Genebra cheio de pessoas louras e altas. Desci em Gothenburg sob muita chuva e ouvi alguém comentar que estranho seria o contrário. Gothenburg é a segunda maior cidade da suécia, depois da capital, e um dos maiores portos da Europa. Minha missão era oficial, para mais uma Copa do Mundo de Estrada feminina.
 
 
Antes de ir pro hotel, passei no supermercado e na sessão de revistas confirmei que estava mesmo na Escandinávia: Das duas revistas de ciclismo disponíveis, duas capas eram fotos de mulheres...

 
A chuva parou e logo saquei meu par de tênis para dar uma corridinha e reconhecer a área. Fui testemunha de um pôr do sol incrível, daqueles que te fazem querer sentar no meio fio e escrever um poema.

 
O dia seguinte começou cedo e pleno de funções. Era o contra-relógio por equipe - o primeiro que vi ao vivo.

 
O dia seguinte era de descanso para as equipes, que competiriam no domingo na prova de estrada. Chovia de novo mas fingi que não vi. Peguei bike e equipamento emprestados do clube que organiza a prova e fui reconhecer o percurso de 128km, passando por vilarejos, florestas, clubes de caça e lagos que passam metade do ano congelados.

 
A prova do dia seguinte foi uma experiência intensa para as atletas, que competiram quase 4 horas sob chuva torrencial e para nós da organização, que estávamos transmitindo ao vivo para a TV nacional da Suécia e para o mundo pela internet. Entre câmeras que paravam de funcionar de tão molhadas e tombos nas curvas que deslizavam como sabão, salvaram-se todos.

 
No dia seguinte, pulei num vôo pra Estocolmo e bati perna o dia inteiro, explorando os cantinhos da cidade que inspira marcas que são sinônimo de estilo de vida como IKEA, Volvo e H&M.

 
A cidade é uma teia de ilhas e canais, e por isso mesmo, a melhor maneira de entendê-la é de dentro de um barco.



Almocei no buffett de saladas do Café Bianchi (sim, o da bicicleta) e jantei a beira mar, com uma caixinha de sushi no colo depois de correr pela orla entre o palácio real e o museu de fotografia onde havia uma exposição do Sebastião Salgado.



Meu hotel era esse barco, que para ser sincera, ofereceu uma experiência noturna meio claustrofóbica...





Voltei pra Suíça no dia seguinte imaginando o avião fazendo a curva no globo terrestre, deixando para trás a paisagem, os rostos e o comportamento nórdico tão reservado, organizado, tão diferente do nosso. E se a teoria da evolução também faz sentido pra você, vamos concordar que esse povo que não se contentou com o calorzinho dos trópicos e saiu andando, andando, até chegar à borda da terra, precisou aprender muito sobre planejamento e disciplina para sobreviver.

E num mundo onde refrigeradores e aquecedores mataram a charada da sobrevivência, sobra planejamento e disciplina para criar uma sociedade onde tudo funciona, tudo é limpo, tudo é justo e para todos.

Comentários

  1. Que delícia de relato :)

    Adoro passar pelo seu blog, mas nunca comento.. Enfim, continue escrevendo, por favor!

    Beijos

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  2. Minha amiga querida! <3
    Já te disse né; te admiro como escreves
    como vives e como compartilhas <3
    Me bateu uma saudade profunda sua!
    Love
    Luli

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  3. Quando esqueço o quanto é bom seus relatos e sua forma de ver o mundo, venho aqui me lembro novamente...
    ps: pensa no livro ;-)!

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  4. Idem à Silvia et Anonymous,... ;) Adoro ler voce, e ve-la peda-lar ( sendo eu alérgique à pedalo!) :) Simone

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