"Quem não chora, não mama"



Esse post contém dois figurões do ciclismo: Marianne Vos, campeã mundial e olímpica de praticamente todas as disciplinas do ciclismo - e Jean-François Pecheaux, o chefe do Tour de France.
 

 
 
Marianne é uma das pessoas mais inspiradoras que já conheci. Ela só não ganhou o Tour de France porque "desse não tem pra mulher". No ano passado, junto a outras ciclistas profissionais, ela lançou uma petição que recolheu 100.000 assinaturas no mundo inteiro para um Tour de France feminino. Essa petição ganhou atenção na mídia e foi parar nas mãos dos organizadores do Tour, a ASO (que também organiza o Dakar, a Maratona de Paris, etc). Foi assim que nasceu a idéia do La Course, uma prova feminina na Champs Elysées, antes da chegada do Tour de France.

 
  
Pecheaux é o cara que há anos vai no Skoda vermelho seguindo o pelotão no Tour, passando info pros carros das equipes e pra equipe de TV que transmite a prova ao vivo pra 150 países, através do sistema conhecido como "Radio-tour".
 
Estive com essas duas lendas no lançamento da La Course by Le Tour de France em Paris, em abril. 


 
Esse aí é o Pecheaux. E o papel que ele está segurando é um pedaço de forro de mesa do nosso jantar em Huy, na Bélgica, na véspera da Flèche-Wallonne. Naquela noite, depois de me testar de tudo quanto foi jeito, Pecheaux se deu por vencido e disse: - Ok mademoiselle, o que você quer?
E eu: - Quero que você prometa que a La Course será realizada pelo menos pelos próximos 3 anos; que a ASO inclua pelo menos mais uma prova feminina por ano em cada prova de World Tour que vocês organizam; e que esses eventos todos tenham a mesma produção de televisão que sua respectiva prova masculina."
E ele: - Ah... é só isso que você quer? (muito irônico)"
E eu: - Só.
E ele: - Mas você não vai me pedir um Tour de France feminino?
E eu: - Ainda não.
E ele: - Hahaha "ainda não"... Você tem noção do que está me pedindo?
E eu: Tenho. Nada além do que você pode fazer.
E ele: Touché!
E eu: Temos um trato?
E ele: Me mande uma proposta.
E eu: Mando.
 
E comecei a escrever no papel da mesa o que tínhamos combinado. Quando terminei, pedi pra ele assinar, em duas vias. Ele assinou.
 
E uma semana depois, na prefeitura de Paris, tirou do bolso do terno a via dele, para me mostrar que o projeto estava "em andamento".


Comentários

  1. Que barato... está na "nata" do esporte, parabéns pela competência e insistência!!! Bjs

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