A Arte de Engolir Sapos

Pra começo de conversa, sapo não é coisa que se coloque na boca. Por que você faria uma coisa dessas? Inevitável? Mmmmmm... Há controvérsias.

Eu sou do tipo que se orgulha imenso em dizer que "Não leva desaforo pra casa".

Desaforo não levo mesmo não. Evito barraco o quanto posso, mas saio no verbo sempre que necessário. Com o tempo fui aprendendo que às vezes é melhor esperar o sangue esfriar. Mas assim que ele esfria, tô eu lá amarradona pra ter uma "palavrinha".

Mas nem todo desentendimento pode ser classificado como desaforo... As vezes é só mesmo o que a palavra literal diz: um des-entendimento. E é aí que (espero) que a idade e a maturidade venham me ensinar.

Não se preocupe, amigo leitor. Não tive nenhum des-entendimento grave recentemente. Só e somente aproveito esse período frio, calmo e branco para refletir (,soar como um poeta russo) e eventualmente me livrar da síndrome da Não Engolidora de Sapos.

A síndrome da Não Engolidora de Sapos, como todas as coisas do mundo, tem dois lados. E como tudo que tem dois lados, tem um bom e um ruim. O bom é que sobra espaço em casa, já que você nunca traz desaforos. A ruim é que você tem sempre alguma coisa a dizer a alguém e chega uma hora que a relação fica conflituosa demais.

Esse post é então meu lançamento oficial na busca pela arte de engolir sapos. Quero aprender a distinguir aquela frase meio atravessada que sai assim por causa de mal-humor, cansaço, insegurança ou ruído de comunicação; do desaforo - safado e deslavado como ele só!

Estou animadíssima com a possibilidade de relevar tudo aquilo que não é classificado como "grave". Sei que no início vai ser como comer sushi: Todo mundo diz que é bom, você acha lindo, mas aquilo desce causando sensações duvidosas na sua garganta. Mas com um pouco de insistência, você vai se acostumando, depois apreciando, até que ele se torna seu prato preferido.

Que venham os sapos. Em francês, soa até gourmet: Avaler la grenouille :)