Crans Montana

Tá quase na hora de passar a régua no ano de 2012. Mas como deixei umas páginas em branco aqui no diário virtual, vou tentar um sprint final pra postar o que ficou pra trás.

O fim de semana mais quente do ano aqui na Suíça foi no fim de agosto. Você sabe que está quente de verdade quando não precisa de casaco a 3 mil metros de altitude. E o mais divertido é que nesse país alucinado, quando a temperatura passa dos 30 graus célcius, a população sobe com ela. Tipo inversão térmica... O ar esquenta no vale e faz o suíço subir montanha acima :)

Nós resolvemos acampar em Crans Montana (quero deixar bem claro que nunca curti muito acampamento... até conhecer o esquema daqui...). Crans Montana é uma celebrada estação de esqui no inverno, casa do Festival Caprices de música independente na primavera e paraíso do MTB no verão.



 
Levantamos com o sol no sábado e demos uma estudada no mapa. Tomamos café da manhã debaixo das árvores e começamos o pedal. Um mega down hill até o vale. Em Sierre, pegamos um teleférico que nos poupou 600m de ascenção... Que sinceramente não fizeram a menor diferença no que estava por vir.

Passamos por Grimentz (subida de asfalto) e de lá começamos a subida de verdade. Primeiro cascalho, depois cascalho solto a 12% de inclinação, depois single track, e depois um caminho cheio de degraus formados por pedras soltas de avalanche. Impedalável, claro. A 2.800m, só dava Paraíba com cara de que ia falecer carregando a bike nas costas.




Quando cheguei ao topo, aos 3.100m, o Christoph me esperava com a melhor cara do mundo, perguntando se eu ainda tinha água. "Claro que não!" E morremos de rir do meu mal humor. Pedalamos até uma cabana mais adiante que parecia buteco da Savassi domingo a tarde antes do jogo do Galo. As mesas de madeira completamente tomadas, mais uma moçada sentada ou deitada pelo chão tomando sol. Raios UV na alta! Entramos na cabana e pedimos a bebida mais gelada que tinham, e eu ainda pedi gelo. O moço riu e disse: "Mademoiselle, a 3.000m de altura, tudo que vendemos aqui chega de mochila ou helicoptero. Pra gelar a bebida, tem que colocar debaixo da terra. Mas hoje, até a terra está quente." Tudo isso pra me dizer: "Aqui está; chá gelado, gelado coisa nenhuma." Rimos daquilo e curtimos o chá morno sentados no sol.






E então veio a recompensa. Faça a matemática: se o fundo do vale estava a 500m acima do nível do mar e nós tínhamos subido até 3.100, qual era o tamanho do down hill? Acertou: 2.600m de despenco.



Foi difícil tirar o sorriso do rosto pelo resto do dia. Descemos drops, single-tracks na crista da montanha com 360° de Alpes, passamos por campos floridos, vaquinhas no pasto, entramos na floresta, descemos escadas, cruzamos pontes de madeira e riachos, passamos por cima de raíses escorregadias, e continuamos descendo. Fazia tempo que o Christoph queria me mostrar aquela trilha, porque ela se chama... BRAZILIAN! No fundo do vale pegamos o funiculare de volta a Crans, pulamos no lago para acabar de lavar a alma e jantamos comida tailandesa para viajem assistindo o sol se por atrás do lago.





A diversão continuou no dia seguinte. Subimos mais um tanto e descemos numa garganta de pedra calcária do outro lado. Subimos novamente e chegamos ao lago de água verde esmeralda. Tomamos sorvete numa cabana antes de pegar o caminho de volta e terminamos o dia com o sentimento de que tínhamos encontrado a fórmula para o fim de semana perfeito.

Comentários

  1. Nossa quanta foto bonita do seu verão!!! Devia ter postado antes, mas imagino que neste momento você tenha saudades desses momentos de calor por aí!!!
    Beijos!!!1

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  2. Pô Mãe, assim eu não vou ser a rainha da montanha! Vou ser só a filha dela..eeheh!

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