Schatzi no Brasil

O nome nao poderia ser mais sugestivo: Costa do Descobrimento, Bahia. Foi la que nossa viagem começou.


Queriamos pedalar, mas so um pouquinho. Queriamos ver o mar, mas sem virar lagartixa estendida no sol. Queriamos estar na natureza, sem a loucura da cidade. Eu queria mostra-lo um Brasil puro, sem ostentaçao e contrastes, onde a agua vem do côco. Onde o sabor vem da fruta; açai. Onde luta vira dança; capoeira. Onde alegria vira musica; samba. Onde a estrada ruma sul e muda de textura o tempo todo; areia. Onde o transporte nao pede combustivel; bicicleta.



So tinhamos pousada pra primeira noite, em Arraial D'Ajuda. O que vinha depois, dependia do vento, da mare, e da vontade de ficar ou seguir.


Voamos durante a noite da Suiça e em Porto Seguro pegamos as bikes que os amigos da Specialized Brasil haviam nos enviado com o maior carinho.


Passamos um dia em Ajuda experimentando cacau, cupuaçu e siriguela e cochilando na praia.



No dia seguinte com uma mini-mochila de 15 Litros e cestinha na frente das bikes, pegamos estrada rumo a Trancoso. Agora deixe eu te contar: Nao tinha estrada. Fomos pela areia da praia, que na mare baixa e com vento a favor, flui mais que asfalto novo. E tem o barulho do mar... E o vento que refresca... E os coqueiros e falésias enfeitando a paisagem... E os riachinhos correndo pro mar e desenhando a areia...





Chegamos a Trancoso no fim da tarde. Aquela luz dourada refletia nas folhas dos coqueiros la em baixo e cintilava no mar. E eu encantada com essas coisas que a natureza faz e a gente tenta imitar com a arte. Passeamos pelo Quadrado (que por sinal e um gramado retangular) com restaurantes e lojinhas ao redor, e a igrejinha muito branca de costas pro mar, jantamos e no dia seguinte seguimos para o proximo destino, Caraiva.










Esse foi um pedal longo, com muitas variaçoes de mare e trechos de areia fofa onde foi preciso empurrar a bike. Teve paradinha na lindissima Praia do Espelho, travessia de rio no barquinho e pedal no alto da falesia pra escapar de um trecho de pedras impedalavel.




Chegamos a Caraiva pouco antes de escurecer. Mais uma travessia de rio e la estavamos nos, no vilarejo de ruas de areia, sem luz elétrica, vizinho à reserva Pataxo. Saimos para jantar na escuridao, com lanternas de cabeça, procurando o Bar Lagoa nos becos escuros. Descalços, descemos a rua princiapal afundando os pés na areia e o suiço achando muita graça. Jantamos sem muita opçao, curtindo o que o restaurante tinha a oferecer. Era baixa temporada e o abastecimento da vila é dificil.



Choveu à noite e o dia amanheceu em clima de disputa, com o sol timido, tentando empurrar as nuvens escuras pra longe. Isso nao nos impediu de dar um mergulho no mar antes do cafe da manha. Pegamos jacaré, tomamos caldo e voltamos com bikini e shorts cheios de areia, cotovelo ralado e morrendo de rir.




Tinhamos resolvido voltar para Trancoso naquele dia, pela estrada de terra. Meio que pra deixar bem claro que estavamos de ferias, pedalamos sempre de chinelo. Mas um pé das minhas Havaianas (que nao da cheiro e nao solta as tiras) ficou perdido na areia. Sai em missao para comprar outro par e acabei me perdendo nos labirintos de areia. Quando voltei encontrei o Christoph de papo com um indiozinho (sabe-se la em que lingua). O indiozinho passava um sabao no gringo por estar usando boné do Flamengo (o unico que achamos pra proteger a cacunda ja torrada de sol) :)


Pegamos uma carona na balsa pro outro lado do rio e seguimos viagem por estradinhas de terra no alto da falesia, entre fazendas, subindo e descendo e vendo o pouco que sobrou da Mata Atlantica na regiao. O calor foi desculpa para devastarmos o estoque de côco gelado num vilarejo a 18km de Trancoso.




Quando chegamos de volta ao destino, schatzi me fez parar em todos os botecos e padarias para perguntar se tinha pao de queijo. Tipo obcessao mesmo. Achamos e ele matou a vontade com cerveja gelada pra acompanhar.


Voltamos para a mesma pousada onde tinhamos ficado antes de partir pra Caraiva e onde o cafe da manha é servido na varanda. Jantamos no Maritacas, uma pizzaria super especial e paramos no carrinho de tapioca pra comer uma de nutela. Comemos ali mesmo, em pé, batendo papo com a baiana.




Nosso vôo para Belo Horizonte era no dia seguinte a tarde, entao ainda deu tempo de descer o rio Trancoso de caiaque. O rio de agua transparente desce fazendo mil curvas, passando por casinhas escondidas, até chegar ao mar. Um mergulho demorado pra despedir, uma foto imaginaria pra registar o momento no coraçao e ja estavamos voando sobre coqueirais e plantaçoes de cacau, rumo à proxima etapa.


Cabral que me desculpe, mas esse negocio de decobrir o Brasil de caravela ta por fora!


Comentários

  1. Que viagem alucinante! Eu sou louca para fazer essa parte do Brasil com o João =)
    Adorei o relato e as fotos =)
    beijoca

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