Voltei

E estou aqui de lábios roxos e sem sentir os dedinhos do pé.

Saí da Suíça no outono (um outono super agradável, inclusive), passei um pré-verão no Brasil e quando voltei ontém, da janelinha do avião, já avistei neve no chão...

Toda vez que vou ao Brasil, desde que me mudei pra cá, já me preparo para uma semaninha meio deprê na volta. É normal, e todo mundo que mora fora sabe disso. Mas o formato das "sensações de desembarque" vem mudando bastante.

A visita ao Brasil dessa vez foi um sonho, e vou contar com detalhes mais tarde. Teve Bahia e tudo mais! Foi ótimo estar na casa dos pais, ver a família e os amigos, comer aquelas coisinhas que só tem na pátria amada. Claro que não me sinto turista no Brasil, como ameaçaram que ia acontecer. Mas também já não me sinto turista aqui.

Enquanto andavamos pelo corredor do aeroporto de Zurique, deixando pra trás o tapete mágico que nos trouxe de São Paulo, o Christoph me perguntou se eu estava triste de deixar o Brasil pra trás. Eu estava, claro que sim. Mas me dei conta que as voltas pra cá têm sido cada vez mais leves. Chego sem medo de ter que me readaptar, de lutar todos os dias contra as diferenças culturais e o idioma, de passar frio e ver tudo cinza. De ser sozinha num lugar estranho.

Não acontece de reprente nem sem uma mãozinha. Mas de pouquinho em pouquinho, tenho colocado cor no cinza. O idioma flui com uns errinhos engraçados e as diferenças culturais não me afrontam, apenas me despertam curiosidade. Já sei (quase sempre) quantas e quais camadas usar pra me protefer do frio e o mais importante: não estou mais sozinha.

E no fim da história, não é o endereço, a cor da parede ou os móveis que te fazem sentir em casa. São as pessoas que te cercam.

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