Blush na Toscana

Foram só quatro dias. Mas o suficiente pra me lembrar que eu não estou sozinha aqui nessa terra entre montanhas. Passar a Páscoa com a Tia Via e o Arne, pessoas tão queridas e divertidas, me assegurou o seguinte: O tempo passa, a vida muda, novas pessoas passam a fazer parte do seu universo, mas a fámilia é mesmo onde tudo começou. E voltar às origens de vez em quando pode ser mágico.

Foi por isso que escolhemos a Toscana. Foi de lá, da cidadezinha de Rapollano Terme, que minha bisavó saiu no final dos 1800, para lavrar café no Vale do Paraíba e abrasileirar o nome Marcellini.


Começamos a viagem em Lucca. A cidade murada é linda, e é lá que começa a Estrada do Chianti, onde se produz o famoso vinho Chianti Clássico.

Nessa foto, duas paixões misturadas: vinho e bicicleta :)

Com a Tia Via, no Anfiteatro de Lucca

Piriguete, foto no espelho :) Com a família pode.

Uma casa qualquer...

Na muralha de Lucca. O plano era dar a volta completa na muralha de bicicleta, mas choveu.

Esse lugar é especial. Chama-se Lamole, faz-se um vinho delicioso e come-se muito bem. E o melhor de tudo: Fica escondidinho no alto de uma montanha, sinalizado com placas discretas que passam despercebidas aos menos determinados (e famintos). Lá, comi pela primeira vez uma "bisteca fiorentina" por recomendação, e quase imposição ("não volte sem experimentar!") do Christoph

As macieiras se animando com a chegada da primavera

Estrada do Chianti

Chegamos à noitinha a Siena. A cidade é famosa por suas construções (e histórias medievais).

É nessa praça, onde o chão calçado por tijolinhos vermelhos forma uma espécie de bacia, que acontece o Palio. A festa acontece no mês de agosto e atrái gente do mundo inteiro. O Palio era uma disputa entre famílias da região através de uma corrida de cavalos, que virou tradição. Os expectadores ocupam o centro da praça, enquanto os cavaleiros correm na parte exterior do circulo. Mesmo hoje em dia eles vêm vestido em roupas medievais, enfeitam seus cavalos e levam a multidão à loucura, agitando bandeiras com escudos variados.

Andar pelas ruas de Siena é como voltar no tempo. Cada portinha aberta parecia um portal para o tempo dos Medicis e de Leonardo Da Vinci

E para aguçar a poesia, essa senhora de chapéu violeta tocava música erudita

- Dedeia, você não vai tomar sorvete. Tá fazendo 10 graus!
- Tia Via, me deixa. É a Itália.

Duomo de Siena

E missa de páscoa no Duomo de Siena... Pra não esquecer nunca mais

Pra levar no carro, frutas variadas crescidas e colhidas ali mesmo, do lado de fora dos muros da cidade.

Arte no subsolo. "Tudo que sei é falso". Talvez só os sonhos sejam verdadeiros

E quando você olha para essa paisagem se pergunta se está mesmo acordado.

Chegamos a Sangimignano no penúltimo dia. Essa cidade é a mais especial de todas elas. Não há, dentro da muralha, uma simples construção que não seja da era medieval. Ela foi totalmente conservada e mesmo os restaurantes, lojinhas e artesanato se fundem harmoniosamente com as paredes de pedra e a luz dourada que ilumina a cidade.

Praça da Cisterna: Cartão postal de Sangimingano

Antes de ir embora, numa segunda-feira ensolarada, levantei cedinho pra me despedir da Toscana. Calcei o tênis e fui correr. Saí por essa portinha florida

Me deparei com essa paisagem

E encontrei essa trilha...

...circulando toda a muralha da cidade. Mal podia acreditar na minha sorte, em poder liberar endorfinas com uma paisagem dessas escancarada aos olhos

Voltei em tempo de tomar café da manhã em família

Depois que a gente cresce, a Páscoa perde o significado especial e vira só um feriado. Essa me lembrou dos anos no sítio da Vovó, dos ovos de chocolate escondidos e dos rumores de que algum dos primos tinha visto um coelho branco correndo pelo jardim :)