Uma Noite no Aeroporto

Você já perdeu vôo? Pois é, eu já quase várias vezes, mas resolvi aproveitar essa tranqilidade da véspera de Natal para ter a experiência completa.

E pra tornar a coisa toda mais emocionante, escolhi perder um vôo avulso, fora do meu bilhete internacional. Dessa maneira, a cia aérea não teria nenhuma responsabilidade sobre as minhas outras conexões e estaria se lixando para o fato de que eu assim, perderia também o único vôo saindo de Lisboa para o Brasil chegando no dia 23. Ou seja: pensei em tudo, pra não restar dúvida de que daria uma boa história.

Acho bacana ressaltar que não tenho assim nenhuma explicação genial para o ocorrido. Não nevou, não teve greve no sistema ferroviário nem protesto em frente à sede das Nações Unidas em Genebra. Eu cheguei atrasada e pronto.

Aí, de frente para o check in vazio e apagado da EasyJet que tinha encerrado há dois minutos mas parecia estar isolado para controle de acidente nuclear, minha primeira reação foi a negação: "Não é possível. Eles têm que me deixar embarcar!" Aí o bom senso, que veio correndo atras, tentando me alcançar, diz ofegante: "eles quem, minha filha? Não tem mais ninguém aqui."

Mas a essa altura você já me conhece e sabe que apesar de morar na Suíça, eu sou brasileira e
não desisto nunca.

Dou a volta no aeroporto, chego correndo e tropeçando na mala ao balcão da cia aérea e peço pelo amor de Deus pra Me deixarem embarcar. Eles não deixam. O avião vai embora, sem migo.

Tenho uma idéia e vou ao guichê da TAP. Finjo que não vejo que fechou há 15 minutos. A atendente aponta pra plaqinha e nem Me responde. Desejo Feliz Natal pra ela e pra família. Me resta ligar. Fico 45 minutos no telefone com Ana Braga em Lisboa e compro um vôo fora da minha rota inicial. Vamos apenas dizer que o valor pago se enquadra na categoria "taxa de estupidez".

Feita a nova reserva, tento cancelar o hotel em Paris. "Desolée, trop tard".
Mais alguma providencia a tomar? Não, por hora isso é tudo. Já posso então sentar num canto e chorar, de frustração e vontade de chegar em casa.

Mas o choro passa logo, porque existe luz no fim do túnel. Caminho em direção à luz. Puxando a mala e limpando o rímel borrado em baixo dos olhos. A luz fica mais nítida. Ela é verde e vermelha. Vejo letras. Duas parecem ser repetidas. Me aproximo mais e agora consigo ler: PIZZA!

Comentários

  1. Vc é brasileira mesmo, tudo sempre acaba em pizza!

    Te vi hoje e seu humor estava ótimo para quem perdeu voo, pagou por isso (em todos os sentidos),chegou as 3h e às 10h já estava pedalando com a sua melhor amiga e a minha melhor inimiga!! Confesso, eu gosto dela. Por vc eu faço tudo :)

    Mas que o post de Morro de Sao Paulo é de cortar os pulsos, isso é!

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  2. E a Suíça não conseguiu mesmo consertar este seu problema com horário né? Tenho certeza que não é por falta de relógio!

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