Etapa 5 - Nossa Senhora do Chuveiro Elétrico, dai-nos resistência





Worcester/Oak Valley 143km  2350m de ascenção - Tempo máximo da etapa: 10h

Lá estava ela: a etapa mais longa do Cape Epic, a mais temida, bem diante de nós. Às 5 da manhã, a cidade de tendas vermelhas estava mais quieta que o normal. Acho que era apreenção. No meio do silêncio irrompe a seguinte frase: "Nossa Senhora do Chuveiro Elétrico, dai-nos resistência!" Era o Vini, dupla do Giba, de São Paulo. Dois figuras, super divertidos e cavalheiros, que fizeram a experiência toda ficar mais leve. Amizade made in South Africa.

Na noite anterior, decidimos trocar o figurino e correr nas corres do time Specialized Songo. Trata-se de um projeto social de um cara chamado Songo, que põe a criançada carente pra andar de bike, e vai do bê-a-bá até as competições.

Largamos em massa, às 7 em ponto, com a torcida madrugadora de Worcester nas ruas. Para chegar ao primeiro ponto de água, atravessamos uma vinícola. Abastecemos o tanque e seguimos com confiança. A média estava alta, e a altimetria favorecia.

Começamos a circunavegar um lago. Vento muito forte. Comecei a escorregar da traseira do pelotão, quanto um atleta de outra equipe agarrou a alça do meu Camel Back e me puxou de volta: "Segure firme. Você não pode ficar sozinha nesse vento, vai gastar muita energia. Cadê sua parceira?" Fiz contato visual com a Melanie e encontrei os olhos desesperados que diziam: "Não vou aguentar muito tempo nesse ritmo". Fiz uma prece à Nossa Senhora do Chuveiro Elétrico.

Os quilômetros foram passando debaixo das rodas, e alcançamos a última parte da prova, com uma subida de 30km. Reabastecemos. Joguei o isotônico fora e enchi a garrafa com metade água, metade Coca-Cola. Agora eu ia terminar isso aqui só no "sugar high".

Avistamos outra dupla feminina e perto do topo percebemos que a distância estava diminuindo. A Melanie disse que queria ultrapassá-las, só pra descontrair. Começamos a descer na cola, mas só atacamos na próxima subida, sem olhar pra trás. E minha parceira perguntou: "Por que você não ultrapassou na descida?" E eu: "Por que o ataque na subida é mais elegante" :)

Chegamos cansadas mas confiantes, com um pensamento comum: A etapa mais temida tinha ficado pra trás. Agora era só administrar até o final. E nada de comemorar antes da hora... Ainda temos duas etapas pela frente.









Com Eva e Nathalie. A dupla campeã mundial era nossa companhia
diária na hora do jantar. Mas só na hora do jantar...

Pergunte ao Christoph qual o segredo pra vencer o Cape Epic:
- Uma taça de vinho após cada etapa :)

Saúde!

Comentários

  1. Mas tu é macha mesmo, hein!!! Meu Deus que loucura de prova é essa. Tô adorando ler tudo isso. Parabéns e boa sorte. Beijosss.

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