Perrengue Espanhol

Não. Não vou falar do jogo que a Espanha perdeu pra Suíça. A história aqui é bicicleta, ou nem isso: Carona de motocicleta.

Não tem jeito. Eu não consigo ir a lugar nenhum sem arranjar uma história. Tem sempre um perrengue, um encontro inesperado, uma comédia. Dessa vez foi perrengue mesmo...

Depois da Finlândia, fui pros Pirineus, na Espanha, acompanhar uma prova de ciclismo com 10 mil participantes, que faz parte de uma série que coordeno pra UCI. Beleza - cheguei em Zaragoza, tinha um carro me esperando na maior catiguria. Vim pro hotel, super gracinha num campo de olivas, e no sábado de manhã, me buscaram para ir pra concentração. Chegando lá, o organizador me dá a notícia: Consegui uma moto para você acompanhar todos os 180km de percurso. Tava frio de manhã, tipo uns 15 gráus, mas com o dia lindo que estava fazendo, botei fé que ia esquentar. Não esquentou.

A largada foi linda: 28 minutos de bikers passando. Nunca, em toda minha vida, vi tanta bicicleta junta. Subi no carona e fui embora. O frio era de trincar, e perguntei ao piloto: "Alguma possibilidade de eu passar para um dos carros?" E ele: "Claro, sem problemas. Vai ter um carro esperando por você no Col de Marie Blanche." E eu: "Beleza, onde é isso?" E ele: "Daqui a 120km." E eu: "Ah..."

Continuei trincando de frio mas tentando fazer umas fotos bacanas e prestar atenção nos detalhes para o meu relatório. Começamos a subir os Pirineus. Muita bicicleta. Vários pelotões. Uma subida interminável. Núvens. Neblina. Humidade. Gotinhas. Chuva. Vizibilade zero. Vento. Dedos congelando. Pernas endurecendo de frio. Boca roxa. Tremelique. Estado catatônico.

Foram três montanhas e duas horas e meia de um frio que não dá nem para descrever. E a minha maior frustração você não sabe: Era estar passando por tudo aquilo, e não estar pedalando. Em cima da bike, a gente tem meta. Você passa frio e desconforto, mas tem sempre um motivo muito forte pulsando lá dentro e te empurrando pra frente. Na carona da moto não tem isso.

Finalmente chegamos ao Marie Blanche, onde, dado o estado em que eu me encontrava, fui coberta por mantas, café fervendo e ovo frito. Terminei o evento no carro que seguia o líder e ajudei na entrega da premiação.

A moral da história é que eu não me importo de passar perrengue, desde que EU esteja pedalando. Porque veja bem: até de convidada VIP, eu me meto em confusão. Então que pelo menos eu faça isso melhorando meu VO2Max :)




Largada às 7.30 da manhã. 15 graus.

Cartolando com os organizadores da prova.


16 carros desse fizeram o apoio mecânico da prova.

Os chegados de óculos ali no fundo: Muito bom humor pra enfrentar 180km

10 mil bikes é muita coisa.

Depois da chuva, café e ovo frito pra evitar hipotermia.


Debaixo de chuva, esse moço que é campeão espanhol, despachou o resto do "Tete de la course" pra vencer com quase 2 minutos de vantagem.

Comentários

  1. Pra vc: http://dubalaio.blogspot.com/2010/06/achei-este-video-sensacional-continua.html

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  2. humberto andrade ssa21 de junho de 2010 às 21:57

    Perto desse perrengue que você passou, aquele descrito numa edição da Bike Action(sobre uma certa corrida de aventura)ficou fichinha...

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  3. Deia, a carteirinha da Funai esta com a mensalidade em dia?

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  4. Amandita, amei a homenagem. Fiquei até emocionada. Acho que não demora muito pra eu te converter pro "pedal".

    Humberto, recordar é viver :) Tinha me esquecido dessa coluna. Quando você mencionou, fui checar meus arquivos e morri de rir ao perceber que o tempo passa e eu não mudo.

    Yoshi, carteirinha da Funai tava vencida. Mas como sou membra honorária, eles deixaram passar.

    Beijo e adoro encontrar os comentários de vocês por aqui.

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