Em Algum Lugar entre o Pulmão e o Diafragma

Hoje tem jogo do Brasil. E eu tô na Suíça. Não tenho amigos brasileiros. A minha comunidade internacional tem até tentado me dar uma força, mas não é a mesma coisa. Não é a mesma coisa que 170 milhões torcendo juntos...

No domingo passado foi pior (ou melhor, não sei ainda...). Estava na Espanha, voltando de um final de semana de trabalho, e meu vôo pra Genebra era exatamente durante o jogo... Passei o domingo inteiro deprimida por causa disso. Até que...

Enquanto eu visitava a encantadora Zaragoza antes de ir embora, escuto um batuque. Em questão de segundos o batuque ficou mais alto, e começou a retumbar como se estivesse entre meu pulmão e meu diafrágma...

Deixa eu explicar pra você entender: Eu detesto música da Bahia. Com todas as minhas força. Nunca passei carnaval em Salvador. E se estou numa festa e começa a tocar Axé, eu vou embora.


Mas isso foi diferente. Foi mágico. Foi um portal momentâneo que se abriu entre a praça da Basílica do Pilar na Espanha e a minha casa com toda a minha família e amigos dentro. Sei que estar sozinha do outro lado do mundo me amolece. Mas se você estivesse lá, também seria pego de surpresa. Veja que até o velhinho na cadeira de rodas foi hipnotizado pelo batidão dos tambores.
Encostei na parede de um café pra pegar a máquina fotográfica, e me dei conta do que estava sentindo. Chorei de soluçar. Juro... A única coisa que me vinha à cabeça era: Meu Deus, obrigada por eu ser brasileira. Obrigada por me mostrar o mundo, mas nunca tirar de mim o que me pertence.

E o que me pertence, por mais que seja bonito morar na Europa, é a beleza de ser brasileira.

Ps. Note que até o telhado da basílica do Pilar é verde e amarelo :)

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